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Viver

O Montado é uma marca inquestionável do Portugal Mediterrânico. Ao longo da extensa peneplanície alentejana, entre zonas planas e pequenos montes, surgem bosques pontuados de árvores e, no meio destas, descobre-se um património natural riquíssimo, marcado pela biodiversidade animal e vegetal. É, portanto, um local de abrigo para a fauna local, onde são abundantes mamíferos como a geneta e a fuinha e répteis como o sardão, destacando-se ainda uma enorme variedade de aves, algumas das quais ameaçadas a nível europeu, desde espécies passeriformes a aves de rapina e, nos locais junto de cursos de água, aves aquáticas. A flora é caracterizada, para além do sobreiro, por plantas arbustivas e herbáceas como o medronheiro, o zambujeiro, a esteva, o tojo, o rosmaninho e a giesta. 

Já a ação humana, essencial para a manutenção deste ecossistema, passa, em primeiro lugar, pela extração de cortiça. Realizada a cada novénio, entre meados de Maio e finais de Agosto, a cortiça é retirada do entrecasco do sobreiro, em pranchas longitudinais, com recurso a uma machada, através de uma técnica artesanal que pouco se alterou nos últimos duzentos anos. Finalizada a tiragem, que se restringe ao tronco e às principais pernadas, nunca se descortiçando a totalidade da árvore, é pintado, no corpo do sobreiro, o último dígito do ano do descortiçamento, sabendo que a próxima operação deste género se realizará nove anos mais tarde. Contudo, o homem é ainda responsável pelo pastoreio – essencialmente de ovinos e de suínos –, por atividades cinegéticas e, em alguns casos, por atividades agrícolas, mantendo o equilíbrio ambiental do sistema do qual, aliás, depende uma boa parte da economia regional Alentejana.

A combinação destes fatores torna o montado de sobro uma paisagem única a nível global, configurando-se não só como um cenário ideal para quem aprecia turismo de natureza, mas também essencial para a compreensão do funcionamento da fileira da cortiça.

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