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O concelho de Ponte de Sor encontra-se numa das maiores e mais produtivas manchas florestais de sobreiro do planeta. A este património natural, grande parte explorado economicamente numa lógica de montado, ou seja, num sistema agro-silvo-pastoril, junta-se o património industrial da indústria corticeira, a principal atividade transformadora da economia local, passando por diversas ofertas complementares como o maior mosaico do mundo em rolhas de cortiça de Ponte de Sor, no Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, produtos gastronómicos, comércio e artesanato.

Descrição do roteiroPR 1 PSR

O percurso, com início na zona ribeirinha de Ponte de Sor, dirige-se para norte, sempre junto à Ribeira de Sor, até atingir, passados 700 metros, um moinho de água. Esta estrutura é representativa de dezenas de outras que, à sua semelhança, marcam a paisagem natural do atual concelho de Ponte de Sor desde, pelo menos, meados do século XIII, tendo estes mantido, até à segunda metade do século XX, um papel económico e social bastante ativo. Não será, contudo, o único que iremos encontrar.

Em seguida, mudando de direção para este, atravessa a Ribeira de Sor pela «nova» ponte pedonal, uma obra de arte funcional da autoria de Leonel Moura, voltando novamente a sul e percorrendo a zona ribeirinha ao longo da margem esquerda da ribeira. Entretanto, do lado esquerdo, surge uma zona de montado de sobro que termina numa pequena elevação, designada entre os pontessorenses por “Cabeço do Prior”, um excelente miradouro que permite obter uma vista panorâmica aérea da cidade de Ponte de Sor. Assim, embora não faça parte do roteiro, aconselhamos a que se faça este pequeno desvio.

O trajeto sai então da zona urbana de Ponte de Sor, entrando, em primeiro lugar, por uma zona semirrural, após atravessar a Ribeira do Andreu, onde predomina a policultura de regadio, devido ao aproveitamento das águas das ribeiras já referidas, ao qual se segue, cerca de um quilómetro e meio mais à frente, uma nova entrada numa zona de montado de sobro, na qual se vencerá a única elevação considerável de todo o trajeto. Significa então que estamos na presença de um sistema agro-silvo-pastoril centrado economicamente na extração de cortiça, mas que admite diversas outras atividades no seu seio tais como a pecuária, a caça, a colheita de fungos, etc. O montado de sobro pontessorense encontra-se integrado numa das principais manchas de sobro do planeta, sendo que as mais antigas referências ao sobreiro em Ponte de Sor remontam ao Foral Manuelino, outorgado em 1514, quando este documento penalizou todos aqueles “(…) que cortarem (…) sovereyro per pee (…)” com o pagamento de “(…) quinhemtos reaaes pera ho comcelho (…)”.

Ao longo desta parte do trajeto poder-se-á verificar a regeneração da natureza, em especial do sobreiro, já que, infelizmente, um incêndio recente consumiu algumas dezenas de metros no início da subida. Porém, a partir de certa altura, e até se chegar junto à aldeia de Ervideira, existe a oportunidade de se observar sobreiros em diferentes estados de crescimento, desde algumas plantações de pequenos chaparros, passando por sobreiros que cresceram devido ao aproveitamento da regeneração natural, até às árvores mais maduras e produtoras de cortiça amadia.

A partir da aldeia de Ervideira, inicia-se uma longa descida, com orientação principal a oeste, até que, com uma nova viragem, o percurso reorienta-se a norte, seguindo agora junto à Ribeira de Sor. É aqui que se situam outros três moinhos de água de rodízio: o Moinho Novo, o Moinho da Pontinha e o Moinho da Sobreira. Enquadrados numa rara paisagem verdejante, junto aos respetivos açudes, essenciais para que as águas ganhassem a força suficiente para fazer girar os rodízios, na zona de implantação dos moinhos converge grande parte da biodiversidade da região. Assim, para além dos moinhos em si, podem-se encontrar diversos tipos de aves, algumas espécies de peixes de rio e, ocasionalmente, lontras.

O percurso retoma então o trajeto anterior, mas no sentido oposto e, com o seu término no local de partida, utilizando-se agora a ponte rodoviária. Este monumento data de 1823, como se pode ler na inscrição gravada no marco colocado junto às escadas que descem para a Fonte da Vila. Parte da Ponte ruiu durante uma cheia poucas décadas depois e foi recuperada em 1867, substituindo-se os arcos destruídos, no leito da Ribeira, por três grandes arcos de cantaria, que se mantêm até aos nossos dias. Descendo até à Fonte da Vila, num último pequeno desvio deste roteiro, está-se perante uma construção do século XVIII, onde se encontram esculpidas, no centro do frontispício, as armas de D. João V (reinado de 1707-1750), monarca que teria mandado executar a obra. A referência mais antiga a esta fonte é feita pelo Dr. Francisco da Fonseca Henriques, que foi médico de D. João V, na obra Aquilegio Medicinal, publicada em 1726, na qual descreve as qualidades terapêuticas das águas das caldas, fontes, rios e poços de Portugal. Diz existir na vila de Ponte de Sor uma fonte «que tem conhecida virtude para os achaques de pedra, e areias, como se tem experimentado muitas vezes».

Terminado o trajeto, resta acrescentar que, devido ao seu carácter circular, este pode ser realizado no sentido contrário em toda a sua totalidade.